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Foto do escritorRodrigo Fercost

Djamblê


De Limeira, SP. É na cidade de São Paulo que tudo acontece, certo? Talvez. Mas,

definitivamente, não é onde tudo começa. Ao contrário do que diz o senso comum, a qualidade da cena musical independente não é diretamente proporcional à dimensão da metrópole e do caos urbano. E, se você precisa de provas, seus problemas estão resolvidos. Foi em Limeira, no ano de 1997, que surgiu o Djamblê. Uma banda que

teve como propósito inicial fazer música para divertir a galera. Entretanto, eles não conseguiram fazer só isso. Ainda bem. Diversão é essencial, mas não foi o bastante.

Sem vícios, clichês ou panfletagem, o cotidiano e a temática social foram um caminho natural para a música dos caras. Letras em português, com abordagem nem sempre otimista, mas sempre carregadas de fé. Sonoridade própria vinda diretamente da mistura de ritmos que vão do rock ao funk, do rap ao reggae, passando por suas vertentes mais enfumaçadas, como o dub e o raggamuffin. Resultado: Djamblê. Fácil de gostar, porque é bom de verdade. Difícil de engolir, porque algumas verdades são indigestas. A banda conta com baixo, bateria, guitarra, DJ e vocal. Já tocou nas principais cidades brasileiras e dividiu palco com bandas e músicos do

mainstream, como Paralamas do Sucesso, Skank, Nando Reis, O Rappa, Planet Hemp, Marcelo D2, Pavilhão 9, Raimundos, Rodox, Ratos de Porão, CPM22, Deadfish e os internacionais Inner Circle e Fugazi.

Depois de 8 anos, demos, singles, coletâneas, algumas mudanças na formação e muito trabalho, Ninguém está ileso. Cuidado! Ligue o som, o discman ou o computador e aperte o play. Prepare-se. Possíveis reações às 15 faixas deste CD: movimentos aparentemente involuntários, até mesmo se você for do tipo tímido, e cabeça quente, cheia de novas idéias.

Parece arredio, começa com "Salve", pede licença. E se você der, amigo, já era. Passa por "Perdão", com vocal nervoso e influências do dub. "Pólvora" é rock'n'roll e tem refrão que gruda: o consumo desnecessário que emburrece vai precisar tomar cuidado. Uma das mais belas faixas do álbum, "Rumo", é um canto de resignação, tanto pela sua letra quanto pela levada reggae. Durante um minuto e onze segundos

tente resistir aos samplers e ao vocal de "Não pode me". Não dá mesmo.

Recupere o fôlego. Tem mais. A guitarra pesada de "Sente os efeitos" não deixa barato e se livra da responsa dos erros dos outros. "Viver em paz" é uma versão da velha lição de que nada como um dia após o outro. "Beatbox Drumba", auto-explicativo. Demais. Um descanso em "J.B.J". Faixa para sentar e ouvir sem maiores preocupações. Baixo e

bateria exemplares e o DJ só riscando. "Seminota": segura a bronca e pula até cansar.

Contagem regressiva. Candidata a melhor música do álbum, "Bomba" é bateria, é incisiva. "Caminha" tem versos que são tiros contra a violência e as batidas, uma metralhadora giratória. Entrosamento entre músicos, rimas e refrão fazem de "Reza Deus" aquele tipo de som que vira o favorito. "Oh Jah", o aviso final. Perfeita pra encerrar. A solução para qualquer problema é você. Curioso? Ouça Djamblê.



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